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.- A ÁRVORE QUE O SÁBIO VÊ, NÃO É A MESMA ÁRVORE QUE O TOLO VÊ! William Blake, londrino, 1800.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

O Aprendiz e a Lagarta

A lagarta, em seu estado de desenvolvimento, possui um apetite insaciável, já que é animada pelo instinto da sobrevivência, tal qual o aprendiz que, mesmo nas primeiras viagens, já anseia pelo total da Arte adquirir.
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Ela não possui visão, por que encontra seu alimento pelo olfato e seu sistema maior é o digestivo, que assim é para garantir ao seu metabolismo o poder incrível da transformação da matéria bruta em pura energia.

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O aprendiz, tal qual a lagarta cega, inicialmente, como não poderia deixar de ser, trabalha em seu próprio benefício, pois tudo o que quer é, simplesmente, existir.

Este é o período da busca incessante. A fase do aprendizado que, aparentemente, nada produz, já que tudo que adquire lhe parece em vão, apesar de alimentar seus anseios e saciar a sua fome voraz.

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Há, no entanto, um estágio intermediário em que a lagarta, no interior do casulo, se transforma em crisálida.

Este é um momento magnífico, de profundo silêncio e reflexão, onde é preciso conhecer, ou ao menos acreditar, no milagre que está por ocorrer.

É, neste estado, que ela – a crisálida, animal intermediário entre o feio e o belo, entre o mal e o bem, tal qual o aprendiz e o mestre– precisa, mais do que em qualquer momento, confiar nos Desígnios do Supremo Criador. Pois, sua vida se encontra nas mãos da Natureza e sua vontade, ainda que seja o forte desejo da existência, é insignificante perante a Criação.


O aprendiz que, também, transporta a pesada esfera da construção do seu passado em suas próprias mãos, corre, igualmente, o risco de temer renunciar, diante da dolorosa transformação, a sua antiga vida ou forma de ser, pois tudo não são senão escuridão, silêncio e solidão!

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Certo é que este momento, também, representa um grande risco, já que o ser inerte, à disposição das Leis da Vida, se encontra indefeso a mercê dos predadores no processo transformatório que poderá levá-lo, ou não, a libertação do escuro e pesado casulo.

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Todavia, o casulo, fruto de sua construção, pelas maravilhas das Leis da Criação, é a sua própria proteção. Pois, pela incrível lei da sobrevivência, é também sua aparência que lhe dá a camuflagem natural que garantirá a sua existência, sobretudo neste profundo e silencioso processo de dor e reparação.

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Sob o risco não há mais o que fazer, a não ser saber esperar. Pois, é preciso confiar!

Confiar, na supremacia da Natureza que, pelas suas leis exemplares, lhe oferece a cor salutar que o faz misturar nas belas paisagens da vida natural e, assim, a sua espécie silenciosamente preservar, enquanto o milagre da transformação está harmonicamente a acontecer.

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É preciso lembrar que, para a bela borboleta surgir, a lagarta, pois, precisa se deixar morrer.

José Paulo Ferrari – 3 de junho de 2010, Corpus Christi


Perdão meu caro amigo José Paulo pelo atraso na publicação desta crônica.
Um grande abraço e muito obrigado.

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